quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Uma nota triste:

Soube hoje que morreu em Long Island, em sua própria cama, depois de perder a batalha contra um tipo raro de câncer uterino, a minha Mom americana, Joanne Failey. Durante os seis anos em que estudei nos EUA, foi na casa dela e de Haffie, seu marido, que passei todos os feriados: Natal, Thanksgiving, Páscoa. Mãe de minha amiga oboista BJ Fredriks, Mom Failey me recebeu com um afeto especial desde a primeira vez em que BJ me levou lá, de surpresa. Como se não bastassem seu carisma e generosidade para me cativarem, ainda usava o mesmo perfume que a minha mãe, Shalimar, o que contribui para que eu me sentisse em casa no lar dos Failey. E eles se esmeravam para que eu, gringa que era, me sentisse de fato como filha.
Professora primária verdadeiramente apaixonada por sua profissão e por crianças, seus hobbys podem oferecer uma idéia de sua personalidade: fazia bonecas de pano de extrema sofisticação e beleza, assim como tapetes belíssimos (os famosos “hooked rugs” americanos, com motivos de flores e frutas). Cozinhava divinamente, e se especializava em pesquisar pratos tradicionais americanos, que preparava como ninguém. Fazia pão fresco todos os dias, e defumava as próprias comidas, escolhendo madeiras específicas para contribuírem com o sabor final do prato. Suas tortas eram incomparáveis! A casa, um verdadeiro museu de arte folclórica e artesanato dos Estados Unidos. Não a toa, seu filho, o irmão de BJ, tornou-se o especialista desta área na Sotheby`s.
Mom Failey usava sempre colares e pulseiras feitos por índios norte-americanos, e roupas com algum detalhe feito a mão. Mas não imaginem que era uma mulherzinha fraca e desprotegida. Nas horas vagas, por puro prazer, pilotava aviões!
Quando voltei de vez para o Brasil, ela me presenteou com um de seus tapetes, que passara meses fazendo para mim! “Assim você não irá me esquecer”.
Como se isso fosse possível!

10 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Laura...
Sinto muito mesmo pela sua perda.
Ela deveria ser uma pessoa muito especial, pelo que vc contou.
Um abraço apertado,
Renata.

Anônimo disse...

Mãe,

Que dó me deu ler esse post e o com as fotos das lápides na estrada. Me deu uma certa nostalgia estranha, visto que nunca conheci "Mom Failey".

E me deu também vontade de dar um abraço apertado na minha mãe, que não usa colares de sementes e sim de vidro, e que cozinha maravilhosamente e todos os etc que você sabe.

Vontade de dizer para ela que, com certeza, ela foi uma pessoa especial na vida da Mom Failey e que ela deve ter sido mais feliz por ter conhecido alguém como a minha mãe, que é verdadeiramente especial.

Te amo

Anônimo disse...

Laura
Que privilégio ter tido a Mom Failey e ter a Manoela.Parabéns!

laura r. disse...

Cristina
Sabe aquelas pessoas que dizem "eu era feliz e não sabia"? Pois eu nunca achei isso. Sempre soube que era feliz, a cada momento da minha vida. Contabilizo a minha felicidade na hora, e isso me faz ainda mais feliz. Tive, sim, o privilégio de conviver com muitas pessoas especiais, entre elas meu pai, meu avô, meu Mark, minha Mom americana, minha mãe de verdade, minha irmã que é simplesmente o máximo e minhas duas filhas, Júlia e Manoela, que sempre foram e continuam sendo a maior alegria da minha vida. E meus sobrinhos queridos, PJ e Bia, meus amigos do coração, meus muitos alunos e ex-alunos, meus colegas de profissão que eu adoro. Meu universo emocional é cheio de gente que eu amo.
Mesmo assim, quando a gente perde uma dessas pessoas especiais, parece que o mundo fica um pouco pior....

laura r. disse...

Manoelita
Muito obrigada, amor. Bem que eu queria, mesmo, abraços das minhas filhotas nesse momento. Quando a gente fica triste, não há coisa melhor do que carinho de filho, sabe?
Fico com muita pena que vocês não chegaram a conhecer Mom Failey, e nem ela a vocês. Sempre planejei um dia levar vocês para conhecerem todos os amigos espalhados pelos EUA. (ela morava em Long Island). Tenho certeza de que vocês se dariam bem...
beijo, fofa. Fique bem.

Anônimo disse...

Perder é sempre terrível, mas como disse uma cientista autista no Globo Rural, tudo que está vivo morre, assim curta e grossa! Mas infelizmente ela tem razão. Mas que bom que ela fez parte da sua vida, e uma parte bem feliz, então dentro de vc, ela nunca vai morrer. Um grande abraço,bem apertado.

Anônimo disse...

Esqueci!!! A Manoela é uma fofa!

Anônimo disse...

Laura, vivo repetindo uma frase, que não é minha, mas acho que diz tanto e conforta:
"Não chore porque partiu,
agradeça porque existiu!"
beijinhos Layla

Anônimo disse...

Laura,
Entendo completamente o que você está sentindo. Fui exchange student em Michigan e morei com uma familia que segue sendo parte de minha vida. Minha mãe americana se aposentou e foi morar na Flórida e foi um momento muito especial quando minha familia brasileira - pai, mãe e marido - fomos visitá-la. Minhas duas mães se gostaram muito e minha mãe daqui adorou ter conhecido essa pessoa que cuidou de mim como mãe.
quando ela morreu eu senti muito, até porque eu a perdi um tempo antes para o Alzheimer.
Até hoje mantenho um estreito contato com minhas irmãs americanas. Acompanhei o crescimento dos meus dois sobrinhos (os únicos que tenho, já que minha irmã biológica não tem filhos) e eles chegaram a perguntar à mãe se eu era tia biológica!!!
Com certeza a Mom Failey vai seguir com você por toda a vida! Um beijinho carinhoso

Anônimo disse...

Que texto lindo Lau! Fiquei emocionada! Tenho certeza que â Mom Failey foi uma pessoa muito feliz e que você ajudou para isso.
Beijos