quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Concerto em Carazinho... ;(


(a foto não tem nada a ver com nada. Mas eu achei lindo o cacto! E afinal, foi fotografado em Carazinho...)

O concerto aqui foi na ULBRA, uma universidade particular. A gente já desconfiou que algo estava errado quando, ao chegarmos, o segurança no portão não tinha idéia de que haveria um evento lá. Talvez pela situação de crise recente, por causa das chuvas, ou por falta de hábito, mesmo, mas o fato é que a escolha de local foi das mais infelizes: uma espécie de hall de distribuição, com apenas algumas cadeiras (se houvesse público, por acaso, as pessoas teriam que ficar em pé!), barulhento e inadequado para qualquer atividade que requeresse um mínimo de concentração.
Apesar da gentileza da Francine do SESC, foi uma experiência triste. As pessoas iam e vinham, de passagem, conversando, sem dar pelota para a música ou para nós. Na verdade a gente chegava a se sentir meio constrangido de estar atrapalhando a circulação dos alunos que passavam a caminho de suas aulas.
Além disso parece que não houve divulgação suficiente. Mesmo um aluno que estava no recital (e que nos falou que adora música!)disse que só acabou ouvindo a gente por acaso, pois não tinha idéia de que haveria um concerto na universidade. No final do concerto, o ping-pong estava empatado - havia o mesmo número de pessoas na platéia do que no palco!
Uma pena!

O Museu como metáfora de memória


Olha só o que está escrito no folhetinho do Museu Regional Olívio Otto:
"O Museu nasceu de um momento de profunda emoção do senhor Olívio Otto, em 1957, no dia 10 de novembro, quando da morte de seu filho, Anonio Carlos Otto, o "Negrão", em um acidente aéreo do qual restou apenas a asa direita do avião Paulistinha que pilotava.
A asa e os objetos pessoais do filho deram início à coleção. Aos poucos a residência da família Otto passou a abrigar um museu doméstico []"
Tudo a ver com o meu post anterior, náo é?

O Museu Olivio Otto


velhas cadeiras odontológicas


cobras dentro de vidros


fotos de formatura


ferros de passar


uma vitrine de chaveiros


Fui dar uma volta pela cidadezinha, e de repente me deparei com o museu local. Chama-se Museu Regional Olívio Otto, e é um lugar.... bem, meio surreal. Uma mistura de Ripley`s Believe it or Not, brechó, sótão da vovó e museu de cera da Mme Tussaud. Montes e mais montes de quinquilharias, exibidas de modo caótico: telefones quebrados, figuras de santos, máquinas de escrever antigas, chaveiros velhos, xícaras e bibelôs de porcelana, troféus esportivos, animais empalhados, velhas cadeiras de dentista, armas dos mais variados tipos, fotos amareladas... Uma bagunça! Visitar o museu é fazer uma viagem, e das mais estranhas. A sensação é ao mesmo tempo melancólica e nostálgica.
Eles lá me explicaram que tudo está fora do lugar porque eles vão se mudar para um prédio maior, do lado, os 10 funcionários (!!!!!) estão ocupados catalogando tudo, e que da próxima vez os objetos estarão em seu devido lugar. Mas eu acho que a confusão é parte do conceito do museu, e talvez por isso mesmo ele seja tão...familiar.
A verdade é que a memória da gente também é assim, toda misturada, com as coisas classificadas nos escaninhos errados. Sempre me chateio em perceber que me lembro, com a maior fidelidade, dos detalhes mais estúpidos do mundo (os botões de um vestido que tive quando criança, o rosto de uma professora de quem eu tinha medo, os pés de um sofá feio que ficava na sala lá de casa), mas não consigo, por mais que me esforce, me lembrar daquilo que eu mais gostaria de ter gravado na alma (o tom aveludado da voz do meu pai, a cor exata dos olhos do Mark, a expressão no rosto das minhas filhas no dia em que nasceram....tudo aquilo que eu achei que não ia esquecer nunca, nunca)

A cidade ainda guarda traços da chuva forte dos últimos dias....

Uma volta por Carazinho





A cidade não é das mais fascinantes. Mas tem uma pracinha agradável e uma igreja no mínimo... original.

O Mário aproveita o tempo ocioso para se ilustrar....

A paisagem é bonita, mas sem surpresas


O Concerto em Passo Fundo foi legal. O auditório era enorme, e por isso não estava cheio, mas tinha bastante gente, em sua maioria universitários. O problema é que era um público tão, mas tão comportado (daqueles super quietos, que nem ri das piadinhas bestas que a gente costuma fazer) que a gente não conseguia ter uma idéia clara se estava agradando ou não. No final do concerto, pelas palmas entusiasmadas e fortes, percebemos que tinham gostado, sim, do programa. E muitos nos procuraram depois, para dizer que adoraram a noite...
Do ponto de vista negativo: Sula estava passando bem mal, e eu mesma não estava lá muito 100%. Acho que o almoço (numa churrascaria horrorosa) teve efeitos devastadores nas duas damas....

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Mas na chegada a Passo Fundo... ;(

Na estrada, a paisagem é tranquilizante

Le ciel nous tombe sur la tête


Enquanto a chuva castigava as ruas de Erechim, e nós olhávamos a água descer pelas vidraças, a situação em outras cidades do Sul se tornava muito séria. Soubemos que Carazinho (para onde ainda vamos amanhã)ficou praticamente debaixo d`água, com muitas casas destelhadas (inclusive o auditório em que se apresentaria o grupo anterior a nós) colheitas perdidas e total pane na rede elétrica da cidade inteira. Vixe!!!!

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Feliz dia das Bruxas!!!!!

Concerto em Erechim


Em Erechim, nosso concerto teve um público pequeno, mas com um diferencial e tanto: incluia a troupe do Arthur de Faria e seu Conjunto, que vão tocar aqui amanhã, e vieram em peso nos prestigiar. Depois do concerto ainda fomos jantar juntos, e o papo estava ótimo. É uma turma simpaticíssima, engraçada, tri-legal, como dizem por estas bandas. Foi um contato maravilhoso, que por si só já valeu a vinda até aqui.
Ah, pessoal do Rio, dica para vocês: o Arthur de Faria e seu conjunto vão aportar em terras cariocas em dezembro. Vão tocar na Sala Funarte no dia 19, se não me engano. Não percam! Para maiores informações, visitem o site deles: http://www.seuconjunto.com.br/

E de pequenas infelicidades, também...

O chuveiro não tem água quente... arghhhhhh!!!!!!!
A janela não tem trinco, e bate o tempo todo com o vento...
A TV não tem controle remoto.... sniff!!!! Na recepção me explicaram: "a Sra. sabe, o seu quarto é o ÚNICO que não tem controle, ele está na manutenção". Ah, bom, então tá. Fico muito mais feliz de saber que nenhum dos outros hóspedes precisa subir na cadeira para trocar de canal (a TV fica num daqueles suportes de parede)...

A vida é feita de pequenas felicidades negativas

Lá em Caxias procurei na mala minha sapatilha preta para usar no concerto de ontem. E não achei. Droga, pensei, logo minha sapatilha preta favorita, da Capezio, super-confortável, nunca mais vou conseguir comprar outra igual!
Chegando aqui, tirei tudo da mala. Lá estava ela, encaixadinha num nicho escondido. Que bom!
Liguei o computador (o hotel tem cabo no quarto, oba!) e entrei no G-mail para ver a correspondência. Apareceu o Hermano no google talk. Fui bater papo e as palavras saiam todas truncadas! Meu computador ficou disléxico! S6c6rr6! Números apareciam no lugar das vogais, vocês já viram isso? Fiquei histérica! Lá vai meu blog para o espaço! Mexi daqui e dali, e nada.... Aí resolvi dar um system restore no Vaio. Milagre! Voltou ao normal. Viva!
E mais dois vivas: o quarto tem mesa, cadeira, e TV que funciona.
E o restaurante ainda não havia fechado.

Piove, porca miseria!


Fizemos a viagem toda, de Caxias do Sul até Erechim, sob chuva e um tempo muito ameaçador. Ainda assim, concordamos todos que este é o trecho de estrada mais bonito que já percorremos. E olha que passamos por estradas lindas!

Na chegada à cidade, ventos rápidos levantavam folhas e sacudiam os galhos das árvores. A chuva caia com força, transversalmente, varrendo telhados, soprando lixo pelas calçadas. As pessoas corriam para todos os lados, como baratas tontas. Parece que a chuva chegou de repente, pois ninguém carregava guarda-chuvas. No hotel, até descarregar as malas foi difícil. Ficamos preocupados com o almoço. Já passava de 13hs, o hotel não tem restaurante, e o concierge disse que por aqui tudo fecha...
Por sorte achamos ainda um buffet aberto, e foi lá que comemos um almoço razoável....

domingo, 28 de outubro de 2007

Nosso público é o máximo! Vejam só:

O Concerto em Caxias do Sul


No início, ficamos meio chateados. Tinha bem pouca gente no auditório, que, por ser grandinho, parecia mais desolado ainda. Mas a medida que íamos tocando, percebíamos que o que o público tinha de reduzido em tamanho, tinha de verdadeiramente entusiasmado. Cada uma das pessoas da platéia batia palmas por três. Muito legal!
No final, vários dos ouvintes vieram falar com a gente, com uma simpatia enorme. Um senhor tinha 3 discos do Quadro Cervantes que ele queria que o Helder autografasse. Quatro pessoas me cercaram, tecendo comentários elogiosos a respeito do meu som e da minha interpretação: eram todos flautistas! E o mais engraçado é que uma das moças me falou que conheceu a Júlia no Torreão, o espaço de artes do Jaílton, em Porto Alegre. Agora vê se o mundo não é um ovo, mesmo!

Numa cave - foto de celular...

Para a Tainá, umas flores aqui da cidade dela

Mais uma notícia bombástica!!!!!!


Hoje de manhã, enquanto Mário, Helder e eu, paspalhos, dormíamos, a Sula (garota esperta!) foi visitar a região dos vinhedos. Só para não nos causar inveja demais, esqueceu de levar a máquina fotográfica, então vocês terão que acreditar na palavra dela, de que o passeio é incrível, e vale muito a pena. A Sula ficou encantada, tomou vinho, acompanhou o processo de fabricação de Champagne, comeu queijos, passou por baixo de videiras cheias de cachos de uva, visitou um antiquário maravilhoso.
E neste antiquário, adivinha só o que ela descobriu (e comprou!)? Uma harmonica!
Também chamada de gaita, por aqui, a harmonica se parece um pouco com o acordeon, mas é menor, mais levinha, delicada, de madeira. O som é lindo, lindo! E esta harmonica parece ser bem antiga, com um entalhe na frente em estilo MacIntosh (é assim que se escreve?), e as laterais em cores anacaradas, puxando para o ocre.

A coleção de instrumentos do Re-Toques aumenta a cada dia....

sábado, 27 de outubro de 2007

Jantar em Bento Gonçalves

Depois do concerto de Bento, a Cristina (do SESC Bento Gonçalves) e seu namorido Maurício nos levaram para um restaurante local, o Dom Pepe. Já fica a dica: além de um ambiente bem transado, o Dom Pepe tem uma comida deliciosa, com muita variedade e apresentação de primeira. Massas verdadeiramente al dente, pizzas fumegantes e saborosíssimas, saladas estalando de tão frescas, carne digna dos gaúchos.
Quando chegou o filé a parmegiana do Helder, Mário já estava na sobremesa. Mas o filé era tão bonito e cheiroso – e absolutamente GIGANTESCO!!!!! – que o Mário não resistiu e atacou o filé, sem dó nem piedade. Aliás, ficamos impressionados com a vida noturna da cidade. Nesta rua do Dom Pepe, enfileiravam-se dezenas de restaurantes de todo o tipo. Todos cheíssimos de gente animada, pronta para farrear. E a cidade (que infelizmente não pudemos conhecer, devido à troca de recitais) parece linda, cheia de altos e baixos, com belas casas e muitas árvores.
Queremos voltar aqui, sniff!!!!!

Bem está o que bem termina

Já virou rotina: o pessoal em torno da Espineta


A esta altura temos um procedimento padrão. Os concertos são sempre às 20hs. Então às 18:30 nos encontramos no saguão do hotel e rumamos para o auditório da vez, para chegarmos às 19:oohs, com ampla margem para armar as estantes, montar os pés da espineta, ligar o ar condicionado, permitir a aclimatação dos instrumentos e afinar bem a gamba e a espineta.
Hoje não foi diferente. Às 18:30, pontuais como ingleses, lá estávamos nós, no lobby do Norton Express de Caxias do Sul. Pela janela de vidro que dá para a rua, vimos nosso motorista Ricardo se aproximar com a van, fazer menção de estacionar.... e ir embora! Para onde ele estava indo?
Para adiantar as coisas, Mário, zeloso, foi olhar no jornal local o endereço do auditório onde seria o concerto, já que ninguém do SESC nos havia procurado ainda. Estava lá: Sábado, 20hs, concerto do Re-Toques no SESC Bento. Estávamos tranquilos, pois no caminho havíamos passado por um SESC de tijolinhos, bem perto do hotel. Era pouco provável que existissem outros SESC na cidade. Mas por desencargo de consciência, ele perguntou ao concierge:

- Onde fica este SESC Bento?

O sujeito nos olhou com cara de equação de segundo grau e balbuciou:
- Ahn, acho que fica em Bento, não?

- Sim, mas onde fica esta rua?

- Rua? Não, Bento não é rua, é outra cidade, Bento Gonçalves....

Aí fomos nós que ficamos com cara de paisagem. Como assim? Mas o recital não era em Caxias do Sul? Ligamos correndo para o celular do encarregado do SESC de Caxias, que confirmou nossos temores. Os planos haviam mudado, mesmo. O recital de hoje era em Bento, o de amanhã é que vai ser em Caxias. Mas então, como é que nossa planilha de viagem dizia o contrário? Pior, como é que nossa reserva de hotel estava de acordo com os planos originais?Verificamos com os hotéis: sábado, Caxias, domingo, Bento.
Mas naquela altura nem daria para trocar os hotéis, porque estávamos atrasadíssimos para o concerto... em Bento! Se corressemos, talvez ainda desse para chegar a tempo.
Mas.. cadê o Ricardo? 18:45 e nada dele. Normalmente cumpridor dos horários, ele havia sumido do mapa. Daqui a pouco, aparece o homem, espavorido.
Eis o que aconteceu: como no hotel em que ele está hospedado não há garagem coberta, ele tirou a espineta do carro para ela não pegar sol. No fim da tarde, veio lampeiro nos pegar, bem cedo, e só quando chegou na frente do nosso hotel é que se deu conta de que havia esquecido o instrumento no seu hotel. Por isso havia dado meia volta, e foi resgata-lo, uma vez que sem espineta não há concerto. Claro que a única vez em que se atrasou, tinha que coincidir com a vez em que o pessoal do SESC se atrapalhou também e nos mandou para a cidade errada!
Ainda bem que Bento e Caxias são próximas. Assim conseguimos chegar a tempo. Em cima da hora, mas alguns minutos antes das 20:00 hs. Uff!
E o concerto, apesar do público reduzido, foi muito bom, e agradou em cheio a seleta platéia.....

Oops!


Tomara que aquela fachada engraçada não tenha sido bolada pelo mesmo engenheiro que fez os cálculos desta obra viária....

Achei engraçada a fachada desta loja

Caxias do Sul


E não é que o quarto do hotel (Norton Express) é surpreendentemente ótimo? (a recepção não prometia....)

Elas estão em toda a parte















E emprestam um pouco de charme até a uma ruazinha feiosa....

O Geraldo Flósculo nos escreve, de Gravatal:

(Para aqueles que não estão ligando o nome à pessoa: Geraldo Flósculo Carvalho é o dono daquela lojinha maravilhosa, Caleidoscópio, na qual a Sula comprou o Harmonio)

Saldo de sua passagem por Gravatal

Laura, estamos montando (no gerúndio mesmo, segunda-feira teremos CNPJ) uma entidade chamada Pró-Gravatal que vai se tornar, esperamos, uma OSCIP (Organização da sociedade civil de interesse público).
Esta entidade visa o desenvolvimento econômico, social e proteção do meio-ambiente, etc...
Essa história de OSCIP, quem gosta muito é o pessoal do PT (estou fora), mas deixe pra lá.
Continuo: Como teremos alguns eventos de final de ano fui no escritório do SESC fazer um pedido e uma reclamação (assim mesmo).
Disse ao gerente que queria emprestado uma tenda. Sem problemas.
E ia fazer uma reclamação: Como poderiam promover um espetáculo daquela envergadura SEM DIVULGAÇÃO?
Pedi que os próximos fossem realizados em Termas do Gravatal, que nós nos encarregaríamos de trazer o público.
A reação dele?
Chamou o Marco Aurélio, assessor de cultura, e nos propôs DUAS peças teatrais e um show de CHORINHO.
Quando?
NESTE ANO!!!
Quase caí da cadeira.
Pediu R$1.500.00 por espetáculo.
Não temos dinheiro, não temos prazo, .....
Em que pé estamos: Segunda-feira o Marco Aurélio vem ver o local que conseguimos e se aprovar faremos o primeiro espetáculo como "test drive".
Por que te digo isto?
Porque tudo isto está acontecendo por causa de vocês.
VOCÊS SÃO OS RESPONSÁVEIS.
Não são só amáveis e gentis, vocês ainda estão nos fazendo bem.
Gostaria que você contasse ao grupo.
Em tempo: Graças ao seu blog providenciaremos frutas descascadas, sucos, etc, como você "sugeriu".

Abraços a todos

Geraldo

Alguém sabe a resposta?

Foto Kiran
Nos comentários, o Mario (Kossatz) disse...

Que barato! Agora, tem de colocar MONTENEGRO em cada bloco, para gravar o nome. Que museu, que capricho. Fico muito curioso mesmo com estas diferenças de cultura e acolhimento. Quais as raízes destas cidades? Os montenegrinos vieram de onde? Algum montenegrino em especial marcou esta comunidade de forma indelével? Será mais a divulgação, dirigida a esse ou aquele segmento da comunidade e o empenho do responsável pelo SESC? Será que o público reflete a "cara" do SESC local? Será que é só acaso? Mas acho difícil, pois entre uma cidade e outra um público de 80 pessoas que ao terminar o concerto sai em bloco e outro que sai para jantar com vocês tem uma diferença tão grande que deve haver alguma explicação.

Eis a minha tentativa de resposta:

Mario
A origem dos Montenegrinos é principalmente italiana. Agora, a explicação para o ambiente tão propício para as Artes é provavelmente um pouco de tudo o que você citou.
As crianças de Montenegro, desde pequenas, visitam o Museu da Cidade, que não é um museu rico, cheio de obras de arte, tipo Monets e Gauguins, mas sim um local onde está registrado o dia a dia da cidade há algum tempo atrás. Tem um quarto montado,com cama e armários dos anos 30, um piano antigo, rádios velhos, óculos de várias épocas, secadores de cabelo dos anos 50, máquinas de escrever, registradoras desativadas, e por aí vai. Nessas visitas, as crianças aprendem não só que existe uma continuidade entre as gerações, mas também que se deve respeitar o passado, e assim passam a querer preservar o presente.
Nada do que eu vi era resultado de um investimento milionário, mas sim de um esforço conjunto, resultado de um entusiasmo contagiante. E nesse caso, contagiante não é só uma maneira de me expressar. É simples constatação de fato. Tanto a apatia quanto o entusiasmo se propagam em proporções geométricas.
Pois é, a diretora da Estação verteu lágrimas ao se despedir de seus quadros. Mas além disso, ela estava no concerto! Havia professores na platéia, e não só alunos. O diretor da UNIMED que cedeu o auditório, Dr. Dirceu, também estava lá, na primeira fila. E ficou muito claro para todos nós que para a Maura, nos receber, organizar o concerto não era um trabalho chato, mas uma paixão. Na FUNDARTE, fizeram questão de abrir a exposição 10 x10 fora do horário, só para eu poder apreciar as obras. Burocracia, zero.
Em todos os lugares em que entrei - na estação, no SESC, no Hotel, nos restaurantes - o pessoal comentava o Overdoze, acontecido há pouco, com o maior pique. (aliás, fotos deste evento podem ser vistas em: http://picasaweb.google.com.br/kiranfoto/overdoze) O concierge do hotel havia levado os filhos para o evento, para ver os palhaços, e desde então trata os artistas com uma gentileza particular.
Na entrada da UNIMED havia uma exposição de quadros de uma artista uruguaia. O Dr. Dirceu nos explicou que assim podem atingir gente que não freqüenta normalmente as galerias de arte, pessoas que vão lá tirar sangue, ou fazer uma radiografia, e que acabam se sentindo num ambiente menos hospitalar.
O reporter de televisão que nos entrevistou, um jovem simpático com o apropriado sobrenome de Amar, só nos fez perguntas pertinentes e bem pensadas.
É curioso constatar que as cidades que "dão certo" (pelo menos no que tange a cultura) não são necessariamente as mais abastadas, e muito menos as maiores. Sim, Maringá é grandinha. Mas Jacarezinho, Pato Branco, Montenegro, estão bem longe de ser uma metrópole.
Quando existe um clima desses, parece que as coisas vão se encaixando sozinhas. Só não sei por que as outras cidades não são assim. E não sei por onde se começa.

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Arraso!!!!!!

Pois é: divulgação bem feita (saíram dois artigos, com fotos, nos jornais daqui), trabalho de formação de platéias consistente, auditório confortável (da UNIMED, numa parceria nova, que tem tudo para continuar dando muito certo!), lanchinho caprichado, entusiasmo pela instituição, orgulho da cidade, carinho pelos músicos. Só podia resultar num recital bom, não é?
E resultou, mesmo. A paixão da Maura por tudo o que se refere a cultura, e o empenho em fazer o máximo, sempre, são plenamente correspondidos por uma cidade que vibra de verdade com as artes de todos os tipos.
Para nós, músicos, a sensação de ter um público entusiasmado, que faz uma verdadeira festa ao cabo de cada peça, é indescritível. O pessoal batia palmas, gritava bis, assoviava, como se fossemos músicos de rock tocando para adolescentes. Deu vontade de não sair mais do palco....
Depois do concerto fomos jantar no Gringo. Nós, a Maura, e vários dos membros da nossa platéia. Um fim de noite delicioso...

E aqui, algumas obras da exposição 10 X 10





Depois do Museu da Cidade, fomos à FUNDARTE, que estava com uma exposição simplesmente genial. Chamada de 10 X 10, apresentou a vários artistas daqui um desafio inusitado: criar uma obra de arte que estivesse restrita ao limitado espaço de 10cm por 10cm. A variedade e inventividade das obras é simplesmente incrível! Gostei muito, mesmo. Taí, SESC, esta é uma exposição que deveria se tornar itinerante. E consideradas as dimensões reduzidas das obras, seria facílimo transportá-las para outros estados. Que tal pôr a idéia em prática?

O Museu da Cidade





Depois da Estação da Cultura, atravessamos a rua e fomos ver o Museu da cidade. Uma construção muito bonita, com uma exposição muito caprichada, colorida e bem bolada. Enquanto lá estávamos, apareceu uma turma de crianças de uma escola local para visitar a exposição. É muito bom visitar mais uma cidade que preza seu passado.

E aqui, uma homenagem à Mariana



Mariana, este grafite está numa parede da Estação da Cultura. É de um artista de Montenegro, mesmo. Você conhece?

Na Estação da Cultura: uma homenagem ao Mario Kossatz

A estação da Cultura




No nosso passeio pela cidade, a Maura me levou para a antiga estação férrea, atualmente Estação da Cultura, e "casa"da Pinacoteca Enio Pinalli, um importante artista local. A Estação é uma construção charmosíssima, que abriga exposições, oficinas, eventos culturais de todo tipo e ainda um café muito simpático. Fiquei encantada com o espaço e o trabalho lá desenvolvido, coisa de primeiro mundo, mesmo. Foi lá que a Maura sediou o Overdoze, um evento que reúne cinema, teatro, música e artes plásticas, numa maratona de 12 horas ininterruptas. O máximo! Único momento triste: a Maria Beatriz, diretora da Casa, estava literalmente aos prantos. É que uma coleção de arte, contendo 40 obras, e que estava lá em comodato, estava sendo retirada da Casa. Parece que uma das condições para ela continuar lá seria a construção de uma nova ala, que passaria a ser o museu de artes. E esta ala não ficou pronta.
Seja como for, faço uma fé enorme numa instituição cultural na qual a diretora se debulha em lágrimas por ter que se despedir de obras de arte. Este país tem jeito....

Montenegro: vista do Rio

Logo que chegamos em Montenegro, Sula, Mário e Helder foram para a rua, passear e procurar um restaurante para almoçar. Eu fiquei no quarto, pois queria falar com a Jú e saber notícias da minha mana acidentada. Lucro meu: quando acabei o telefonema, estava aqui a Maura (Lucimaura Souza Rodrigues, auxiliar de Cultura e Lazer do SESC), que apareceu para nos levar para algum restaurante local e mostrar a cidade. Claro que fui com ela. Primeiro almoçamos no Gringo, um restaurante ótimo. Depois ela me presenteou com um tour completo pela cidade, que vista assim, com guia particular (e que guia!) não podia deixar de me conquistar. Passeamos pela beira do rio, que tem aquele jeito modorrento e delicioso de cidade do interior. Depois ela me levou para alguns lugares muito bacanas. Veja acima....

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Farroupilha

A única foto de Farroupilha que escapou.... Vista do nosso Hotel

Em Farroupilha ficamos hospedados num hotel afastado do centro, e assim novamente não pudemos registrar a chegada à cidade, de dia. Eu tentei tirar umas fotos do nosso hotel.... mas as pilhas recarregáveis da minha máquina fotográfica morreram. E a nossa repórter fotográfica, a Sula, resolveu tirar folga justo hoje!
Pena, porque a cidade nos pareceu acolhedora e bonita, com ruas bem arborizadas e construções interessantes. Eu gostei particularmente da iluminação noturna, feita com uns postes bem baixinhos e com lâmpadas amarelas. Adoro a luz produzida por este tipo de lâmpada, muito mais cálida e interessante do que a luz branca.
A sala do SESC estava lotada, com um público bastante jovem. Mas o que me chamou a atenção foi que no próprio auditório havia uma exposição com fotos das crianças locais. Como são bonitinhas as crianças daqui! Tinha uma de um garotinho lindo, um ruivinho de olhos azuis, que se estivesse presente em carne e osso, eu acabaria sequestrando....

Novo Hamburgo

O problema de um recital como o de S. Leopoldo, num lugar tão bonito, com um público tão receptivo, numa sala tão agradável, é que cria umas expectativas pouco realistas. Assim, o concerto em Novo Hamburgo enfrentava uma tarefa difícil. A sala, um espaço no topo do prédio, com amplas janelas de vidro por onde entrava o sol, não era exatamente uma sala de concertos. E o público constituiu um desafio maior ainda. Como o recital aconteceu entre aulas, muitas pessoas chegaram depois de começado o concerto, e outras tantas sairam antes do final. Para nós, apesar de termos sido avisados de que isso aconteceria, foi difícil manter a concentração. Ainda assim, o público que ficou até o fim bateu palmas com entusiasmo, e vários vieram falar com a gente depois, inclusive um colega músico muito simpático, o Cláudio Veiga, violonista e compositor.
Quanto à cidade, como é bastante perto de Porto Alegre, ficamos hospedados no mesmo Hotel Ritter em que estávamos, e só fomos para lá na hora do recital. Daí que não tiramos fotos. Vamos ficar devendo....

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Corinha, vê se fica boa logo, tá?

Dica da Sula: Uma Casa Portuguesa com certeza

Com algum atraso, vai aqui um depoimento culinário. Fomos (Mário e eu ,Sula) almoçar no restaurante Casa Portuguesa, com Certeza. Cheios de saudades de casa e de nossos queridos Noely e Mario, pedimos bacalhau, que eles adoram e que, obviamente, era a especialidade do lugar.
Pra começar, serviram um ótimo bolinho de bacalhau, como cortesia! Depois chegou o prato: decididamente o melhor bacalhau que já comemos! textura, sabor, as batatas no ponto e saborosíssimas. Tudo perfeito!
Veio a sobremesa: trouxeram um sortimento variado daqueles doces portugueses maravilhosos, difícil foi escolher! Saí de lá convencida de que eles merecem uma segunda estrela no Guia Quatro Rodas, no que o Mário concordou comigo em gênero, número e.... bacalhau!
Aqui vai o endereço deles, numa ida a Maringá não deixem de conferir: Av. Cerro Azul 214 Zona 2, tel:3226-9283

Em busca do tempo perdido





Nós temos um sistema ideal – eu escrevo o blog, a Sula ilustra. Sim, eu também fotografo, como vocês já sabem. Mas ela tem um olho muito melhor do que o meu, e tira umas fotos realmente ótimas. Como se não bastasse, a máquina fotográfica dela é melhor do que a minha.

Então a combinação ficou assim: eu escrevo os posts, ela documenta e me passa as fotos no fim do dia. Acontece que o computador fica sempre no meu quarto, e ela tem que trazer a máquina dela, e copiar o conteúdo para o meu laptop, depois dos concertos. E às vezes estamos ambas cansadas demais para isso. Resultado: eu acabo subindo os textos só com as minhas fotos, mesmo. E depois a gente esquece de incluir o material anterior.

Foi o que aconteceu em Maringá. Lá, Sula e Mário foram a um restaurante português maravilhoso, que prometeram recomendar para nossos leitores... mas não deu para fazermos isso na época certa. Então nosso próximo post dará um passo atrás no tempo, para corrigir o lapso.