Já virou rotina: o pessoal em torno da Espineta
A esta altura temos um procedimento padrão. Os concertos são sempre às 20hs. Então às 18:30 nos encontramos no saguão do hotel e rumamos para o auditório da vez, para chegarmos às 19:oohs, com ampla margem para armar as estantes, montar os pés da espineta, ligar o ar condicionado, permitir a aclimatação dos instrumentos e afinar bem a gamba e a espineta.
Hoje não foi diferente. Às 18:30, pontuais como ingleses, lá estávamos nós, no
lobby do Norton Express de Caxias do Sul. Pela janela de vidro que dá para a rua, vimos nosso motorista Ricardo se aproximar com a van, fazer menção de estacionar.... e ir embora! Para onde ele estava indo?
Para adiantar as coisas, Mário, zeloso, foi olhar no jornal local o endereço do auditório onde seria o concerto, já que ninguém do SESC nos havia procurado ainda. Estava lá: S
ábado, 20hs, concerto do Re-Toques no SESC Bento. Estávamos tranquilos, pois no caminho havíamos passado por um SESC de tijolinhos, bem perto do hotel. Era pouco provável que existissem outros SESC na cidade. Mas por desencargo de consciência, ele perguntou ao
concierge:
- Onde fica este SESC Bento?
O sujeito nos olhou com cara de equação de segundo grau e balbuciou:
- Ahn, acho que fica em Bento, não?
- Sim, mas onde fica esta rua?
- Rua? Não, Bento não é rua, é outra cidade, Bento Gonçalves....
Aí fomos nós que ficamos com cara de paisagem. Como assim? Mas o recital não era em Caxias do Sul? Ligamos correndo para o celular do encarregado do SESC de Caxias, que confirmou nossos temores. Os planos haviam mudado, mesmo. O recital de hoje era em Bento, o de amanhã é que vai ser em Caxias. Mas então, como é que nossa planilha de viagem dizia o contrário? Pior, como é que nossa reserva de hotel estava de acordo com os planos originais?Verificamos com os hotéis: sábado, Caxias, domingo, Bento.
Mas naquela altura nem daria para trocar os hotéis, porque estávamos atrasadíssimos para o concerto... em Bento! Se corressemos, talvez ainda desse para chegar a tempo.
Mas.. cadê o Ricardo? 18:45 e nada dele. Normalmente cumpridor dos horários, ele havia sumido do mapa. Daqui a pouco, aparece o homem, espavorido.
Eis o que aconteceu: como no hotel em que ele está hospedado não há garagem coberta, ele tirou a espineta do carro para ela não pegar sol. No fim da tarde, veio lampeiro nos pegar, bem cedo, e só quando chegou na frente do nosso hotel é que se deu conta de que havia esquecido o instrumento no seu hotel. Por isso havia dado meia volta, e foi resgata-lo, uma vez que sem espineta não há concerto. Claro que a única vez em que se atrasou, tinha que coincidir com a vez em que o pessoal do SESC se atrapalhou também e nos mandou para a cidade errada!
Ainda bem que Bento e Caxias são próximas. Assim conseguimos chegar a tempo. Em cima da hora, mas alguns minutos antes das 20:00 hs. Uff!
E o concerto, apesar do público reduzido, foi muito bom, e agradou em cheio a seleta platéia.....
Que barato! Agora, tem de colocar MONTENEGRO em cada bloco, para gravar o nome. Que museu, que capricho. Fico muito curioso mesmo com estas diferenças de cultura e acolhimento. Quais as raízes destas cidades? Os montenegrinos vieram de onde? Algum montenegrino em especial marcou esta comunidade de forma indelével? Será mais a divulgação, dirigida a esse ou aquele segmento da comunidade e o empenho do responsável pelo SESC? Será que o público reflete a "cara" do SESC local? Será que é só acaso? Mas acho difícil, pois entre uma cidade e outra um público de 80 pessoas que ao terminar o concerto sai em bloco e outro que sai para jantar com vocês tem uma diferença tão grande que deve haver alguma explicação.