segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Filosofando em Londrina

É claro que, apesar de dar um gostinho de Brasil, uma viagem como a nossa está longe de proporcionar um real conhecimento acerca de cada região pela qual passamos. Especialmente em cidades maiores, como Curitiba ou Florianópolis, uma estadia de um dia dá apenas para nos fazermos uma pálida idéia das cercanias do hotel, e assim nem sempre a imagem que temos de um lugar é justa. Mas dá para se perceber algumas características peculiares, que fazem a graça da viagem. Algumas até bem bestas. Um exemplo: estamos cobrindo a maior parte do percurso por terra, o que significa rodar centenas de quilômetros de estrada. Evidentemente de vez em quando paramos em postos de gasolina para abastecer e... ahem.... desabastecer. Pois uma coisa que nos deixa pasmas, à Sula e a mim, é a limpeza dos banheiros desses postos. Não apenas limpos, mas até cheirosos, e SEMPRE com papel higiênico no seu devido lugar. Muitas vêzes com plantas bem cuidadas enfeitando a entrada. Para quem vem do Rio, e está acostumada à imundície dos banheiros de estrada, esta é uma surpresa agradável. Outra coisa de primeiro mundo, aqui no Sul: os carros param para os pedestres passarem. Incrível, não?

O que dá um aperto no coração é justamente constatar que a tal da globalização é um monstro que se espalha com uma voracidade incontrolável. Tenho procurado lojinhas com coisas locais para dar para amigos e família... e quase não consigo encontrar nada. As lojas dão lugar aos shoppings, iguais pelo Brasil inteiro. As mesmas lojas, Arezzo, Colcci, Cantão, Lojas Americanas, se espalham por todos os cantos. Moda local? Não existe. Ou melhor, existe, mas a diferença é pequena. Aqui pelo Sul o pessoal gosta mais de dourados, prateados, tachinhas e rebites. Mas é só. Culinária própria é outra raridade. Os restaurantes a quilo, aliás muito práticos e ecológicos (menos desperdício de comida) tem a mesma cara e o mesmo gosto, do Oiapoque ao Chuí. A gente acaba enjoando, não tem jeito.
Mas às vêzes a gente tropeça com um hábito daqui, e a alma fica mais aquecida: o bom e velho chimarrão, ou um cafezinho expresso delicioso, com pauzinho de canela para mexer e grão de café confeitado com chocolate (a módicos R$1,00), ou uma torta de banana com chocolate que eu não conhecia (na Dá Licença, de Londrina), ou mesmo uma griffe original e interessante (Puramania, do Paraná). Ou melhor ainda, que tal uma cidade (Curitiba) que tem uma rua inteirinha de brechós?

Seja como for, eu, que nunca me considerei uma boa viajante (sou sedentária demais, e não troco hotel nenhum pelo meu apartamento, que adoro!) estou fazendo um belo aprendizado, e descobrindo que a graça de viajar é treinar os sentidos para que capturem as diferenças. Qualquer dia desses eu acabo me graduando, e ficando igualzinha à Cora!

5 comentários:

Ana Clara disse...

Você já está graduada e por falar em graduação,parabéns pelo dia dos professores.
Banheiro de posto de gasolina limpo?
Inacreditável!

Anônimo disse...

Ainda bem que você está gostando da viagem e de escrever sobre ela. Lucramos todos.

Anônimo disse...

o sul do Brasil parece outro país... é verdade. Já viajei pelo sul e constatei isto, só que não posso falar muito pois não viajei pelo norte nem nordeste... mas que no sul tudo é limpinho e arrumadinho, isto é mesmo.
Em 1971 meu marido e eu fomos com um casal de kombi até a Terra do Fogo... foi uma viagem e tanto!

Anônimo disse...

antigamente em Londrina tinha muito japones. Ainda é assim?

laura r. disse...

Layla, é sim. tem muito japonês, mesmo. Aliás, nosso amigo Hermano (Shigueru Taruma) é daqui...