quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O Museu Olivio Otto


velhas cadeiras odontológicas


cobras dentro de vidros


fotos de formatura


ferros de passar


uma vitrine de chaveiros


Fui dar uma volta pela cidadezinha, e de repente me deparei com o museu local. Chama-se Museu Regional Olívio Otto, e é um lugar.... bem, meio surreal. Uma mistura de Ripley`s Believe it or Not, brechó, sótão da vovó e museu de cera da Mme Tussaud. Montes e mais montes de quinquilharias, exibidas de modo caótico: telefones quebrados, figuras de santos, máquinas de escrever antigas, chaveiros velhos, xícaras e bibelôs de porcelana, troféus esportivos, animais empalhados, velhas cadeiras de dentista, armas dos mais variados tipos, fotos amareladas... Uma bagunça! Visitar o museu é fazer uma viagem, e das mais estranhas. A sensação é ao mesmo tempo melancólica e nostálgica.
Eles lá me explicaram que tudo está fora do lugar porque eles vão se mudar para um prédio maior, do lado, os 10 funcionários (!!!!!) estão ocupados catalogando tudo, e que da próxima vez os objetos estarão em seu devido lugar. Mas eu acho que a confusão é parte do conceito do museu, e talvez por isso mesmo ele seja tão...familiar.
A verdade é que a memória da gente também é assim, toda misturada, com as coisas classificadas nos escaninhos errados. Sempre me chateio em perceber que me lembro, com a maior fidelidade, dos detalhes mais estúpidos do mundo (os botões de um vestido que tive quando criança, o rosto de uma professora de quem eu tinha medo, os pés de um sofá feio que ficava na sala lá de casa), mas não consigo, por mais que me esforce, me lembrar daquilo que eu mais gostaria de ter gravado na alma (o tom aveludado da voz do meu pai, a cor exata dos olhos do Mark, a expressão no rosto das minhas filhas no dia em que nasceram....tudo aquilo que eu achei que não ia esquecer nunca, nunca)

7 comentários:

Anônimo disse...

Laura, acho que a maioria das pessoas, são assim, exceto as que tem uma mente mais privilegiada nesse sentido. Meu marido é assim, ele grava com muita facilidade, nomes, sons, fisionomias, mas não grava a letra de nenhuma música. Quando ele fez o Seminário Teológico, nos 5 anos de estudos, não teve um caderno, fazia algumas anotações e mais nada, e as notas dele eram ótimas. Não dá para entender isso não, lembra-se de algumas coisas, que as vezes achamos sem importância, e esquecemos outras muito importantes. Coisas da mente.

Anônimo disse...

Coleções de objetos que ainda não se tornaram antiguidades e portanto ainda estão no capítulo pura e simles das velharias - sem qualquer demérito - sempre são interessantes para resgatarmos a memória dos dias que se foram. Lembro que, anos depois de perder meu pai, um dia tomei a decisão de percorrer o centro do Rio apenas para visitar aquelas lojas que existiam aos montes, e que vendiam móveis e objetos usados em décadas passadas.Através de todo aquele mafuá, consegui voltar no tempo e matar um pouco da saudade que estava me sufocando.Foi numa terapia e tanto !!!

Anônimo disse...

Eu acho que a gente não esquece não. Essas lembranças estão em algum lugar. Uma hora elas voltam.

Anônimo disse...

Bom dona Laura, sou estagiária no museu regional Olívio Otto, fotografanfo as peças do museu.
Ao procurar arquivos na internet sobre o nosso museu, encontrei o seu blog. Achei interessante e fui ver o que havia, porém me deparei com um monte de "avacalhações" de um de nossos bens mais preciosos. Poia saiba você que o museu é muito importante para a nossa região e nosso estado. Não sei de onde você é mas por não ser de nossa cidade nem deve saber o que é sentir orgulho de todas as peças que temos no museu.
Se não tem o que falar sobre nada, então não fale.
Com certeza você é uma pessoa completamente fútil e sem nenhuma noção de história de da importância da mesma para as pessoas.

Atenciosamente
Juliana Quadros

Anônimo disse...

Laura, quando de sua visita ao museu Olivio Otto, não deixamos de explicar o motivo dos objetos estarem sem sintonia com o ambiente. Voce escreveu neste blog que haviam funcionários trabalhando para a trtansferência e hoje posso falar novamente que a transferência foi efetivada. E hoje contamos com um museu da mais alta qualidade, dentro do perfil solicitado pelo Sistema de Museus. Convido você, e pessoas que gostem e tenham interesse em conhecer o Museu Olivio Otto com os olhos de quem procura história, cultura e informações.

laura r. disse...

Juliana, e outra funcionária, que ficou anônima
Parece que vocês não entenderam bem a minha observação: eu descrevi o museu apenas para dar uma idéia às pessoas do blog de como ele estava no momento. Mas eu GOSTEI do museu, e muito! Achei o próprio conceito muito interessante, e me suscitou reflexões dos mais váriados tipos. O que é, afinal das contas, a função de um museu. Ao cultuar apenas o passado distante, a gente perde o contato com o passado recente. E isso é uma pena. Parabéns pelo belo trabalho! E obrigada pelo convite.

Anônimo disse...

Laura:

O Museu Olívio Otto, de Carazinho, teve origem na residência de seu idealizador ( já falecido), que, no final da década de 50 perdeu um filho num acidente aéreo e começou juntando os pedaços do avião sinistrado. Para nós carazinhenses é um orgulho o Museu que, em suas novas instalações, não deixa nada a dever para ninguém. Venham nos visitar novamente e ajudem a divulgar cada vez mais esse patrimônio da cultura brasileira.
Abraços. Gilberto Kamphorst.